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Competição ou Cooperação? O que realmente constrói equipes médicas de alta performance

30 de julho de 2025 por
Competição ou Cooperação? O que realmente constrói equipes médicas de alta performance
Am Comunicacoes, Fernando Carbonieri
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Competição ou Cooperação? O que realmente constrói equipes médicas de alta performance

Por Fernando Carbonieri e Alexander Buarque

​“Quem fizer mais procedimentos ganha o bônus.”
​“Quem atender mais pacientes será promovido.”
​“Quem errar menos entra no plantão de elite.”

Frases como essas, cada vez mais comuns nos bastidores da saúde, revelam uma cultura silenciosa de competição institucionalizada — muitas vezes com consequências mais destrutivas do que motivadoras.

No episódio do podcast da Academia Médica com Alexander Buarque, refletimos sobre como a competição mal conduzida nos hospitais e clínicas está corroendo a cooperação entre equipes, aumentando o estresse e comprometendo a qualidade do cuidado.

A competição como estratégia — ou como armadilha?

A competitividade, em doses saudáveis, pode estimular o crescimento individual e coletivo. Porém, quando ela se torna o centro das relações de trabalho, cria um ambiente de comparação constante, insegurança e isolamento.

Em vez de promover excelência, a competição tóxica gera:

  • profissionais que escondem informações para se destacar;

  • líderes que premiam números, não atitudes colaborativas;

  • equipes que se sabotam mutuamente para parecerem superiores.

No contexto da medicina — onde o cuidado é, por natureza, coletivo e interdependente — esse modelo é contraproducente e eticamente frágil.

Coopetição: o meio do caminho entre rivalidade e colaboração

Alexander traz à tona um conceito relevante: coopetição — a combinação entre cooperação e competição saudável. Nesse modelo, profissionais mantêm autonomia e ambição de crescer, mas sem comprometer o espírito de equipe ou a segurança do paciente.

Na prática, isso significa:

  • reconhecimento de resultados individuais e coletivos;

  • metas que valorizam qualidade e não só quantidade;

  • ambientes em que compartilhar conhecimento é sinal de força — não de vulnerabilidade.

A cultura da escassez como pano de fundo

Por trás da competição tóxica está, quase sempre, um modelo mental de escassez: “Não há espaço para todos, então preciso vencer.” Esse pensamento é alimentado por estruturas hierárquicas rígidas, modelos de remuneração injustos e falta de reconhecimento institucional.

Quando o médico sente que precisa competir por respeito, espaço ou recursos básicos, o ambiente de trabalho deixa de ser um lugar de pertencimento — e se transforma em um campo de batalha silencioso.

Construir segurança psicológica é prioridade

Cooperação genuína só é possível em ambientes que promovem segurança psicológica — onde os profissionais podem errar, perguntar, discordar ou pedir ajuda sem medo de julgamento ou punição.

Isso depende de lideranças preparadas, comunicação clara e modelos de gestão que premiem o espírito colaborativo tanto quanto os resultados clínicos.

Conclusão: o verdadeiro time médico não compete internamente — se fortalece mutuamente

A medicina é um trabalho coletivo. Nenhum resultado clínico de excelência acontece isoladamente. Nutrir um ambiente onde médicos se apoiam, compartilham aprendizados e constroem juntos é uma das chaves para reduzir o burnout, aumentar o engajamento e transformar a cultura organizacional da saúde.

Na Talent Match, acreditamos que alta performance não é fruto de competição cega, mas de propósito compartilhado. Se você quer construir ou integrar equipes médicas mais cooperativas, saudáveis e alinhadas com o futuro da medicina, fale com a gente.

📌 Leitura complementar:

O Médico Não É Substituível: desumanização e a falácia da eficiência

🎧 Confira o episódio completo com Alexander Buarque no podcast da Academia Médica.

Competição ou Cooperação? O que realmente constrói equipes médicas de alta performance
Am Comunicacoes, Fernando Carbonieri 30 de julho de 2025
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